sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Dicotomia ou Tricotomia? O que a bíblia diz sobre isso?

Essa semana em alguns jornais foi lembrando de um dos filmes bem interessantes da sua época: "De volta para o Futuro", na verdade sua continuação, pois falava da viagem ao futuro na data de 21 de outubro de 2015. Pegando tal clima iremos usar o "De Lorean" antes para dar  uma volta ao passado!

A muitos séculos os seres humanos tentam entender entender  como as coisas funcionam, são ou servem, sempre questionando "o que é?", "como é?" e "para que?". Questionam sobre a sua própria natureza,  origem e destino. Na antiguidade ocidental os gregos tornaram-se famosos por disseminar essa busca pelo conhecimento. Tanto que cunharam os termo amigo do "saber/conhecimento" - filosofia e filosofo;

E é desde a antiguidade também que o ser humano costuma dividir os analisar as coisas por partes para tentar compreender o todo. partindo de questionamento da natureza do homem é que iremos ver surgir as discussão de:

-mundo visível em oposição ao invisível;
-sensualidade (ser guiado pelos sentidos) X intelectualidade (guiados pela razão);

Quando essas discussões foram trazidas ao Cristianismo, esse bebeu da filosofia, as discussões e formas de divisões do ser humano em duas ou três partes. E ai que vem os pequenos problemas.

A Bíblia, tomada como o que os sentidos podem alcançar é um objeto e como tal repleto de textos, que são para alguns interpretados transcendentalmente, mas essa relação Deus-Bíblia-homem, esta permeada também das suas visões sobre o mundo.

Por exemplo:
"E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente."Gênesis 2:7

Nesta cena da criação temos que o homem criado ser inanimado recebe o ruach, sopro/espirito e torna-se alma. pois é uma redundância que ocorre no texto alma (nefesh) só é tratada para seres viventes.

Mas, ao desenrolar vemos várias vezes alma sendo tratado como algo a parte do material.
E em geral só vemos espirito(ruach) ao falar ou em referencia a Deus

E ai fica a incognita, "será que divide realmente nos 3 ou não?"

Enfim, ela deixa margem para ambas visões na tentativa de compreender o que é o ser humano.


Minhas considerações

Vai de como cada um quer de fato ver e da corrente que entende que vai mais "responder" a sua dúvida. 

Digo isso, porque na verdade os ensinamentos que podemos aprender da bíblia é que o homem é um  conjunto e como tal as coisas de Deus se voltam para esse conjunto e não focar numa parte apenas.

O grande problema, que vejo é que muitos que tentam enveredar demais nessa discussão entre 2, 3 ou tantas partes forem, acabam por pensar que existe uma principal e acabando por dedicar sua vidas ou grande parte dela nessa parte. Uns se preocupam só com o visível e outros só com o invisível; com o social ou só com o espiritual...

EU, leio e vejo uma transformação de ambos nos textos dos Evangelhos e em Apocalipse também. Afinal há uma  renovação/transformação geral!

Alias, acabo de lembrar que, tem até termos para isso:
- Visão holística -  entender o todo como maior que a soma das partes
-Visão sistêmica -  entender as partes para compreender o todo.

Afinal se corpo não presta pra nada para que ressurreição? O mesmo vale para o que for imortal, pra que salvação?

Não precisa me responder de fato, mas, para você o que importa em dividir  o ser humano?

terça-feira, 20 de outubro de 2015

O que é graça preveniente?

Vamos pegar o "Delorean" e fazer uma viagem ao passado...

Na teologia cristã antiga, vamos ver surgir a discussão sobre o homem e sua capacidade de escolha. Se você pensou sobre discussão sobre o  "livre arbítrio", em uma parte acertou.

A discussão nos primórdios da Igreja, por volta entre séculos IV e V, girava em torno da concepção do "pecado original". Que por usa vez é a ideia que com a queda de Adão toda a raça humana se degenerou e tornou-se incapaz de por si só buscar a Deus.

Mas, Deus, com sua infinita grandeza, bondade e misericórdia, não permitiria que todos os homens fossem condenados e através do seu favor imerecido presentava a salvação. 

Não vamos entrar aqui em questão de se a salvação é para alguns ou todos os seres humanos, mas o que importa é entender que a salvação só era compreendida, por uma seguimento como fruto da graça de Deus.
Um dos principais defensores desse posicionamento era uma famoso bispo africano que foi canonizado e entrou para a história: Santo Agostinho de Hipona. 

Em oposição a tal corrente surge um monge chamado Pelágio da Bretanha que disseminava a ideia que o ser humano não nascia corrompido,ou seja não existia pecado original, pelo contrário nascia como uma "tábula rasa".

O que é uma tábula rasa?

Tábula, ou tábua era um objeto de madeira utilizado para a escrita, no qual recebia o texto a ser escrito entalhando-se na mesma o que se queria. Como o texto ocorria em baixo relevo, perfurando a madeira, uma sem escrita era mais rasa que uma escrita. Hoje poderíamos dizer que uma tábua rasa é um papel em branco.


Assim, o destino humano era fruto das ações e escolhas do individuo, e não algo predeterminado em aspecto nenhum. Assim, ao trazer tal ideia para o Cristianismo, o individuo era salvo simplesmente porque escolheu ser salvo e se abster do que pudesse ser taxado como pecado, o afastando de Deus.

O grande problema é que para Teologia Antiga, apropriando de Agostinho, o homem faz ou busca o bem quando Deus (Espirito Santo), atua sobre ele, e na ausência do E.S. só faz e busca o mal.


Então, como é que o homem se salva se nunca vai buscar a Deus?

O "buscar a Deus" esta entre as coisas do bem, logo é fruto da ação de Deus no individuo, mediante sua a a graça. Então, está precede quaisquer "escolhas" e previne que o individuo seja condenado.

Em outras palavras: Graça preveniente é a ação da graça que previne o individuo da condenação.

Mas, não é bem assim que eu tenho escutado...

Isso, porque apesar de "livre arbitrio" ter sido condenado como heresia dentro do Cristianismo, entre séculos IV e V. A ideia não foi extinta e mesmo condenado fazia parte do pensamento de vários.
Com a retomada de pensamentos gregos antropocentristas (o homem como centro das coisas), pelo Renascentismo (séc XVII), após a Reforma (séc XVI); Dentro do Cristianismo,  discussão sobre a "escolha" do individuo quanto a salvação voltaram. E dessa vez, não temos uma discussão sobre o pecado "original". Mas, se de algum modo o individuo tinha autonomia no processo salvífico ou se tudo era ato de Deus.

De um lado derivados de  João Calvino, surgem os Calvinistas defendendo que a salvação não se perde por ser ato Deus. Por isso postulam uma graça irresistível, no sentido que iniciado o processo Deus agiria no sentido de salvar o individuo.

Doutro seguindo ideias de Jacó Armínio, os arminianistas que entendem que ainda que Deus inicie o processo, de alguma maneira o individuo tem autonomia suficiente para impedir o processo.


Minhas considerações sobre algumas coisas.

Toda ação de Deus sobre o homem caído levando a salvação do portador do "pecado original", é através da "graça preveniente". Porém algo que me é ininteligível é que a um ser que não tem escolha e Deus faz escolhera salvação, consiga "escolher" a condenação. 

RESUMÃO:


Agostinho
Pelágio
Pecado Original
Sim
Não
Graça
Precedente e necessária a Salvação
Desnecessário, podendo ser usada como auxiliar optativo para se alcançar.
Sacrifício de Jesus
Necessário para promover a graça
Dispensável
Livre escolha da Salvação
Não
Sim



Arminianismo
Calvinismo
Pecado original
Sim
Sim
Graça
Precedente e necessária a Salvação Precedente e necessária a Salvação
Perca da salvação
Acontece
Não acontece
Livre escolha da Salvação
Sim
Não



sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Pré-milenismo, pós-milenismo, amilenismo?

Fim do mundo? Volta de Jesus? Pois, bem são alguns dos assuntos que são tratados pela escatologia (estudo das ultimas coisas). E todos os temas do tópico estão relacionados primariamente a questão do milênio. E aqui dando uma de capitão nascimento, não para enrolara, mas para prover de termos chaves para pesquisa: no latim millenium, no grego quiliasma, ou ainda com a forma milenarismo.

Em suma tudo trata sobre um período de "mil anos". 

Pois bem... 

Ao longo da história dos seres humanos agrupados em sociedades, a pergunta sobre como e quando o mundo iria acabar se fez sempre presente. Por isso, em geral, muitas religiões abordam também tal tema. Algumas tratam de um fim definitivo para o sistema vigente que deteriorou-se para um recomeço perfeito, outras trabalham com ciclos, ou seja, tudo era bom, deterioraria e seria reiniciado, tantas vezes quanto deteriorado for.

E onde entra o Cristianismo nisso?

Entra no passo que este também preconiza uma criação perfeita que foi corrompida como vemos em Gênesis com a "queda", ou destituição de Adão e Eva do paraíso e tudo o que a humanidade e sociedade foi se tornando.

Vemos um "mini", ou primeiro, apocalipse com a narrativa do diluvio que destruiu a sociedade corrompida e reconstrução da mesma por intermédio da família de Noé, e a promessa da não re-destruição da humanidade via diluvio.

E ai vemos surgir o "valente caçador de Javé", conhecido como Nimrod (que significa rebelde), a torre de Babel que propôs  a construção para chegar o mais alto, flechar e acabar com Javé, para garantir que a humanidade não fosse dizimada novamente ....

Pronto, temos novamente o reinicio da corrupção humana, e a necessidade de uma restauração a perfeição.

E do AT ao NT vamos ver o processo e as promessas que levarão ao surgimento do salvador-remidor-restaurador e da destruição da sociedade totalmente degradada para a instauração de uma nova.


E o milênio?

É a era de ouro do Cristianismo, ou o reino milenar de Cristo. E é aqui que já começa toda a confusão...

Mas, antes bora lembrar ou falar um pouco da tribulação! Que é o conjunto de eventos que marcam o fim da sociedade, havendo grande assolação na Terra.

Pré-Milenismo

Corrente que acredita na literalidade dos acontecimentos do apocalipse porém se divide em outras duas, em relação ao momento que ocorre o milênio e a segunda vinda de Jesus.

-Pretribulacionista - Ou seja, antes do período da  tribulação Jesus viria arrebatar a igreja militante (os fiéis vivos na época do acontecimento) e então aconteceria o período da tribulação e posteriormente Jesus se revelaria a todos. Como os acontecimentos e eventos são realizados (dispensados) aos poucos, tal corrente é também chamada por dispensasionalismo. mas ou menos assim:

1-Segunda volta parte 1 -  Jesus vem para os seus sem se revelar ao mundo, arrebatando estes.
2-Ocorre a tribulação;
3-Jesus se revela a todos - Segunda volta parte 2;
4-Reino Milenar;
5-Julgamento Final e o que vier depois;

-Post tribulacionista - não tem uma quebra da vinda de Jesus e as coisas relaconadas a elas ocorrem após a sua segunda vida que será visível por todos

1-Tribulação
2-Segunda volta
3-reino milenar
4-Julgamento final e o que vier depois;

Pós-milenismo

Nesta corrente, os eventos são mais "compactos". O milênio ocorre pela expansão da pregação da palavra e convencimento das pessoas pelo Espirito Santo, antes mesmo da volta de Jesus, não havendo um arrebatamento ou período de tribulação. Assim, o evento da segunda volta é concomitante com o Julgamento final.

1-O mundo é o mundo com todas suas mazelas;
2-Os ensinamentos de Cristo prevalecem e inicia-se um período de prosperidade e supremacia do mesmo;
3-Jesus volta, julga todos e o que suceder disso.

Ou seja, a literalidade, ou preocupação com essa, dos acontecimentos é reduzida. tornando a sequencia de acontecimentos que de fato importam menor.


Amilenismo

Como muitos devem supor, o prefixo "a" implica na negação, sendo portanto uma corrente que nega o acontecimento literal de um milênio como período de reino de Cristo na Terra. O milênio já está ocorrendo espiritualmente e teve seu inicio no Pentecoste. Ou seja, quando a Igreja recebe o poder dos céus, se instaura o reino de Deus na Terra.

Sim! Nessa corrente os eventos apocalípticos já se instauraram a muito tempo.

Espera aí! Mas se o milênio esta acontecendo por que o prefixo "a"?

Porque foi termo amilenismo foi cunhado, por pessoas contrarias a tal corrente, os adeptos optam por usarem no termo o prefixo latino "nunc" que implica algo retroativo, que já aconteceu e cujos efeitos vigora. Não deve ser de maneira alguma confundido o nunc  com nunca, pois este ultimo é sinônimo do "a". Então, para facilitar e não confundir por ser chamado por "milenismo realizado";

1-O milênio espiritual já acontece a muito
2-Jesus volta,  julgamento final e o que suceder.

sábado, 3 de outubro de 2015

[Bônus] Fanerose, Teofania e  Cristofania


Esse  post é um "bônus",  para explicar um recurso que alguns religiosos utilizam.

Fanerose é um fenômeno no qual o invisível se torna visível, materializado ou não. Se você pensou na ideia de fantasmas, aparições, espíritos, demônios e coisas do gênero tornando-se visíveis acertou na mosca!

Teofania é a fanerose de deus, sim, simples assim! ^^

Mas, observe nesses fenômenos não são as pessoas que recebem um poder, dom ou habilidade sobrenatural de ver o invisível/sobrenatural, mas é o que não se vê, que ganha a capacidade de se mostrar.

Até aqui tudo bem?
Continuemos :D

Cristofania é o fenômeno de fanerose de Cristo, sendo portanto a aparição de Jesus antes ou depois de seu nascimento ou ressurreição. Pois entre isso, seria ele em vida XP

"Como é que é?"

Assim,ó: Paulo não conheceu Jesus (em vida), salvo-se na estrada de Damasco, quando Cristo após a ressurreição revelou-se a apareceu somente pra ele. Essa é uma cristofania extremamente clara.

Os problemas são quando se vê, ou se coloca cristofania no AT,como nos exemplos:

  1. O anjo que lutou com Jacó;
  2. O sacerdote Melquisedeque;
  3. O o anjo Miguel;
  4. Quem andava com Adão no paraíso;
  5. Quem apareceu para Daniel na fornalha;
Mas, qual o problema disso, a coerência e a implicações de por exemplo imaginar:

  1. Jesus lutando com alguém e deixando uma sequela no adversário;
  2. Aceitar que independente da religião quem recebe as oferendas, dízimos e coisas do gênero quando feito com boa intenção é  Jesus; Para quem não leu, da uma lida na "A última batalha" das Crônicas de Nárnia, C.S. Lewis explora esse principio...
  3. Jesus é deus ou anjo? Depois não falem mal de TJs...
  4. Essa é quase tranquila, se utilizar o poder divino....
  5. idem


Além de conseguir conceber isso, em nenhumas dessas aparições a figura se colocou ou se apresentou como "Jesus", "Cristo" ou "Jesus Cristo".