terça-feira, 20 de outubro de 2015

O que é graça preveniente?

Vamos pegar o "Delorean" e fazer uma viagem ao passado...

Na teologia cristã antiga, vamos ver surgir a discussão sobre o homem e sua capacidade de escolha. Se você pensou sobre discussão sobre o  "livre arbítrio", em uma parte acertou.

A discussão nos primórdios da Igreja, por volta entre séculos IV e V, girava em torno da concepção do "pecado original". Que por usa vez é a ideia que com a queda de Adão toda a raça humana se degenerou e tornou-se incapaz de por si só buscar a Deus.

Mas, Deus, com sua infinita grandeza, bondade e misericórdia, não permitiria que todos os homens fossem condenados e através do seu favor imerecido presentava a salvação. 

Não vamos entrar aqui em questão de se a salvação é para alguns ou todos os seres humanos, mas o que importa é entender que a salvação só era compreendida, por uma seguimento como fruto da graça de Deus.
Um dos principais defensores desse posicionamento era uma famoso bispo africano que foi canonizado e entrou para a história: Santo Agostinho de Hipona. 

Em oposição a tal corrente surge um monge chamado Pelágio da Bretanha que disseminava a ideia que o ser humano não nascia corrompido,ou seja não existia pecado original, pelo contrário nascia como uma "tábula rasa".

O que é uma tábula rasa?

Tábula, ou tábua era um objeto de madeira utilizado para a escrita, no qual recebia o texto a ser escrito entalhando-se na mesma o que se queria. Como o texto ocorria em baixo relevo, perfurando a madeira, uma sem escrita era mais rasa que uma escrita. Hoje poderíamos dizer que uma tábua rasa é um papel em branco.


Assim, o destino humano era fruto das ações e escolhas do individuo, e não algo predeterminado em aspecto nenhum. Assim, ao trazer tal ideia para o Cristianismo, o individuo era salvo simplesmente porque escolheu ser salvo e se abster do que pudesse ser taxado como pecado, o afastando de Deus.

O grande problema é que para Teologia Antiga, apropriando de Agostinho, o homem faz ou busca o bem quando Deus (Espirito Santo), atua sobre ele, e na ausência do E.S. só faz e busca o mal.


Então, como é que o homem se salva se nunca vai buscar a Deus?

O "buscar a Deus" esta entre as coisas do bem, logo é fruto da ação de Deus no individuo, mediante sua a a graça. Então, está precede quaisquer "escolhas" e previne que o individuo seja condenado.

Em outras palavras: Graça preveniente é a ação da graça que previne o individuo da condenação.

Mas, não é bem assim que eu tenho escutado...

Isso, porque apesar de "livre arbitrio" ter sido condenado como heresia dentro do Cristianismo, entre séculos IV e V. A ideia não foi extinta e mesmo condenado fazia parte do pensamento de vários.
Com a retomada de pensamentos gregos antropocentristas (o homem como centro das coisas), pelo Renascentismo (séc XVII), após a Reforma (séc XVI); Dentro do Cristianismo,  discussão sobre a "escolha" do individuo quanto a salvação voltaram. E dessa vez, não temos uma discussão sobre o pecado "original". Mas, se de algum modo o individuo tinha autonomia no processo salvífico ou se tudo era ato de Deus.

De um lado derivados de  João Calvino, surgem os Calvinistas defendendo que a salvação não se perde por ser ato Deus. Por isso postulam uma graça irresistível, no sentido que iniciado o processo Deus agiria no sentido de salvar o individuo.

Doutro seguindo ideias de Jacó Armínio, os arminianistas que entendem que ainda que Deus inicie o processo, de alguma maneira o individuo tem autonomia suficiente para impedir o processo.


Minhas considerações sobre algumas coisas.

Toda ação de Deus sobre o homem caído levando a salvação do portador do "pecado original", é através da "graça preveniente". Porém algo que me é ininteligível é que a um ser que não tem escolha e Deus faz escolhera salvação, consiga "escolher" a condenação. 

RESUMÃO:


Agostinho
Pelágio
Pecado Original
Sim
Não
Graça
Precedente e necessária a Salvação
Desnecessário, podendo ser usada como auxiliar optativo para se alcançar.
Sacrifício de Jesus
Necessário para promover a graça
Dispensável
Livre escolha da Salvação
Não
Sim



Arminianismo
Calvinismo
Pecado original
Sim
Sim
Graça
Precedente e necessária a Salvação Precedente e necessária a Salvação
Perca da salvação
Acontece
Não acontece
Livre escolha da Salvação
Sim
Não



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