quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O crente pode jogar na mega sena

Recentemente me perguntaram:
"o crente pode jogar na mega sena?"


Eu respondi de pronto que "todos que jogam, são crentes! XD".

Mas, falando sério. Não existe uma só proibição explicita na Bíblia quanto a jogar, nem o seu incentivo.

Como Paulo diria "tudo me é licito mas nem tudo me convém" (1Cor 6:12). E é justamente nesta dimensão que se deve pensar. Quando é que o jogar na sena não convém? Quando o ato de apostar se torna vicio, ao ponte de você neglicenciar outros pontos de sua vida gastando o dinheiro com as apostas

Você vai ver pessoas, sobretudo lideres de igrejas, que vão querer dizer que "é proibido porque você esta querendo deixar de trabalhar" ou "que dinheiro fácil vai levar a pecados da carne" ou coisas nesse gênero. Tudo isso é conversa boba. Se diferente fosse, pergunta para eles qual o emprego secular deles. Se não estiverem estão justamente incorrendo nos mesmos pecados de um cara que ganhou na loteria e deixou de trabalhar, e talvez até pior porque estão se aproveitando do que dizem ter recebido como dom de Deus (o ministério) para garantir conforto financeiro (comprar moradia, itens de luxo e outras benesses em nome e para eles)...

Então repito:

Jogar na sena ou qualquer coisa não é proibido só quando se torna vício e e como a maioria começa a fazer mal a sua vida.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Dicotomia ou Tricotomia? O que a bíblia diz sobre isso?

Essa semana em alguns jornais foi lembrando de um dos filmes bem interessantes da sua época: "De volta para o Futuro", na verdade sua continuação, pois falava da viagem ao futuro na data de 21 de outubro de 2015. Pegando tal clima iremos usar o "De Lorean" antes para dar  uma volta ao passado!

A muitos séculos os seres humanos tentam entender entender  como as coisas funcionam, são ou servem, sempre questionando "o que é?", "como é?" e "para que?". Questionam sobre a sua própria natureza,  origem e destino. Na antiguidade ocidental os gregos tornaram-se famosos por disseminar essa busca pelo conhecimento. Tanto que cunharam os termo amigo do "saber/conhecimento" - filosofia e filosofo;

E é desde a antiguidade também que o ser humano costuma dividir os analisar as coisas por partes para tentar compreender o todo. partindo de questionamento da natureza do homem é que iremos ver surgir as discussão de:

-mundo visível em oposição ao invisível;
-sensualidade (ser guiado pelos sentidos) X intelectualidade (guiados pela razão);

Quando essas discussões foram trazidas ao Cristianismo, esse bebeu da filosofia, as discussões e formas de divisões do ser humano em duas ou três partes. E ai que vem os pequenos problemas.

A Bíblia, tomada como o que os sentidos podem alcançar é um objeto e como tal repleto de textos, que são para alguns interpretados transcendentalmente, mas essa relação Deus-Bíblia-homem, esta permeada também das suas visões sobre o mundo.

Por exemplo:
"E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente."Gênesis 2:7

Nesta cena da criação temos que o homem criado ser inanimado recebe o ruach, sopro/espirito e torna-se alma. pois é uma redundância que ocorre no texto alma (nefesh) só é tratada para seres viventes.

Mas, ao desenrolar vemos várias vezes alma sendo tratado como algo a parte do material.
E em geral só vemos espirito(ruach) ao falar ou em referencia a Deus

E ai fica a incognita, "será que divide realmente nos 3 ou não?"

Enfim, ela deixa margem para ambas visões na tentativa de compreender o que é o ser humano.


Minhas considerações

Vai de como cada um quer de fato ver e da corrente que entende que vai mais "responder" a sua dúvida. 

Digo isso, porque na verdade os ensinamentos que podemos aprender da bíblia é que o homem é um  conjunto e como tal as coisas de Deus se voltam para esse conjunto e não focar numa parte apenas.

O grande problema, que vejo é que muitos que tentam enveredar demais nessa discussão entre 2, 3 ou tantas partes forem, acabam por pensar que existe uma principal e acabando por dedicar sua vidas ou grande parte dela nessa parte. Uns se preocupam só com o visível e outros só com o invisível; com o social ou só com o espiritual...

EU, leio e vejo uma transformação de ambos nos textos dos Evangelhos e em Apocalipse também. Afinal há uma  renovação/transformação geral!

Alias, acabo de lembrar que, tem até termos para isso:
- Visão holística -  entender o todo como maior que a soma das partes
-Visão sistêmica -  entender as partes para compreender o todo.

Afinal se corpo não presta pra nada para que ressurreição? O mesmo vale para o que for imortal, pra que salvação?

Não precisa me responder de fato, mas, para você o que importa em dividir  o ser humano?

terça-feira, 20 de outubro de 2015

O que é graça preveniente?

Vamos pegar o "Delorean" e fazer uma viagem ao passado...

Na teologia cristã antiga, vamos ver surgir a discussão sobre o homem e sua capacidade de escolha. Se você pensou sobre discussão sobre o  "livre arbítrio", em uma parte acertou.

A discussão nos primórdios da Igreja, por volta entre séculos IV e V, girava em torno da concepção do "pecado original". Que por usa vez é a ideia que com a queda de Adão toda a raça humana se degenerou e tornou-se incapaz de por si só buscar a Deus.

Mas, Deus, com sua infinita grandeza, bondade e misericórdia, não permitiria que todos os homens fossem condenados e através do seu favor imerecido presentava a salvação. 

Não vamos entrar aqui em questão de se a salvação é para alguns ou todos os seres humanos, mas o que importa é entender que a salvação só era compreendida, por uma seguimento como fruto da graça de Deus.
Um dos principais defensores desse posicionamento era uma famoso bispo africano que foi canonizado e entrou para a história: Santo Agostinho de Hipona. 

Em oposição a tal corrente surge um monge chamado Pelágio da Bretanha que disseminava a ideia que o ser humano não nascia corrompido,ou seja não existia pecado original, pelo contrário nascia como uma "tábula rasa".

O que é uma tábula rasa?

Tábula, ou tábua era um objeto de madeira utilizado para a escrita, no qual recebia o texto a ser escrito entalhando-se na mesma o que se queria. Como o texto ocorria em baixo relevo, perfurando a madeira, uma sem escrita era mais rasa que uma escrita. Hoje poderíamos dizer que uma tábua rasa é um papel em branco.


Assim, o destino humano era fruto das ações e escolhas do individuo, e não algo predeterminado em aspecto nenhum. Assim, ao trazer tal ideia para o Cristianismo, o individuo era salvo simplesmente porque escolheu ser salvo e se abster do que pudesse ser taxado como pecado, o afastando de Deus.

O grande problema é que para Teologia Antiga, apropriando de Agostinho, o homem faz ou busca o bem quando Deus (Espirito Santo), atua sobre ele, e na ausência do E.S. só faz e busca o mal.


Então, como é que o homem se salva se nunca vai buscar a Deus?

O "buscar a Deus" esta entre as coisas do bem, logo é fruto da ação de Deus no individuo, mediante sua a a graça. Então, está precede quaisquer "escolhas" e previne que o individuo seja condenado.

Em outras palavras: Graça preveniente é a ação da graça que previne o individuo da condenação.

Mas, não é bem assim que eu tenho escutado...

Isso, porque apesar de "livre arbitrio" ter sido condenado como heresia dentro do Cristianismo, entre séculos IV e V. A ideia não foi extinta e mesmo condenado fazia parte do pensamento de vários.
Com a retomada de pensamentos gregos antropocentristas (o homem como centro das coisas), pelo Renascentismo (séc XVII), após a Reforma (séc XVI); Dentro do Cristianismo,  discussão sobre a "escolha" do individuo quanto a salvação voltaram. E dessa vez, não temos uma discussão sobre o pecado "original". Mas, se de algum modo o individuo tinha autonomia no processo salvífico ou se tudo era ato de Deus.

De um lado derivados de  João Calvino, surgem os Calvinistas defendendo que a salvação não se perde por ser ato Deus. Por isso postulam uma graça irresistível, no sentido que iniciado o processo Deus agiria no sentido de salvar o individuo.

Doutro seguindo ideias de Jacó Armínio, os arminianistas que entendem que ainda que Deus inicie o processo, de alguma maneira o individuo tem autonomia suficiente para impedir o processo.


Minhas considerações sobre algumas coisas.

Toda ação de Deus sobre o homem caído levando a salvação do portador do "pecado original", é através da "graça preveniente". Porém algo que me é ininteligível é que a um ser que não tem escolha e Deus faz escolhera salvação, consiga "escolher" a condenação. 

RESUMÃO:


Agostinho
Pelágio
Pecado Original
Sim
Não
Graça
Precedente e necessária a Salvação
Desnecessário, podendo ser usada como auxiliar optativo para se alcançar.
Sacrifício de Jesus
Necessário para promover a graça
Dispensável
Livre escolha da Salvação
Não
Sim



Arminianismo
Calvinismo
Pecado original
Sim
Sim
Graça
Precedente e necessária a Salvação Precedente e necessária a Salvação
Perca da salvação
Acontece
Não acontece
Livre escolha da Salvação
Sim
Não



sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Pré-milenismo, pós-milenismo, amilenismo?

Fim do mundo? Volta de Jesus? Pois, bem são alguns dos assuntos que são tratados pela escatologia (estudo das ultimas coisas). E todos os temas do tópico estão relacionados primariamente a questão do milênio. E aqui dando uma de capitão nascimento, não para enrolara, mas para prover de termos chaves para pesquisa: no latim millenium, no grego quiliasma, ou ainda com a forma milenarismo.

Em suma tudo trata sobre um período de "mil anos". 

Pois bem... 

Ao longo da história dos seres humanos agrupados em sociedades, a pergunta sobre como e quando o mundo iria acabar se fez sempre presente. Por isso, em geral, muitas religiões abordam também tal tema. Algumas tratam de um fim definitivo para o sistema vigente que deteriorou-se para um recomeço perfeito, outras trabalham com ciclos, ou seja, tudo era bom, deterioraria e seria reiniciado, tantas vezes quanto deteriorado for.

E onde entra o Cristianismo nisso?

Entra no passo que este também preconiza uma criação perfeita que foi corrompida como vemos em Gênesis com a "queda", ou destituição de Adão e Eva do paraíso e tudo o que a humanidade e sociedade foi se tornando.

Vemos um "mini", ou primeiro, apocalipse com a narrativa do diluvio que destruiu a sociedade corrompida e reconstrução da mesma por intermédio da família de Noé, e a promessa da não re-destruição da humanidade via diluvio.

E ai vemos surgir o "valente caçador de Javé", conhecido como Nimrod (que significa rebelde), a torre de Babel que propôs  a construção para chegar o mais alto, flechar e acabar com Javé, para garantir que a humanidade não fosse dizimada novamente ....

Pronto, temos novamente o reinicio da corrupção humana, e a necessidade de uma restauração a perfeição.

E do AT ao NT vamos ver o processo e as promessas que levarão ao surgimento do salvador-remidor-restaurador e da destruição da sociedade totalmente degradada para a instauração de uma nova.


E o milênio?

É a era de ouro do Cristianismo, ou o reino milenar de Cristo. E é aqui que já começa toda a confusão...

Mas, antes bora lembrar ou falar um pouco da tribulação! Que é o conjunto de eventos que marcam o fim da sociedade, havendo grande assolação na Terra.

Pré-Milenismo

Corrente que acredita na literalidade dos acontecimentos do apocalipse porém se divide em outras duas, em relação ao momento que ocorre o milênio e a segunda vinda de Jesus.

-Pretribulacionista - Ou seja, antes do período da  tribulação Jesus viria arrebatar a igreja militante (os fiéis vivos na época do acontecimento) e então aconteceria o período da tribulação e posteriormente Jesus se revelaria a todos. Como os acontecimentos e eventos são realizados (dispensados) aos poucos, tal corrente é também chamada por dispensasionalismo. mas ou menos assim:

1-Segunda volta parte 1 -  Jesus vem para os seus sem se revelar ao mundo, arrebatando estes.
2-Ocorre a tribulação;
3-Jesus se revela a todos - Segunda volta parte 2;
4-Reino Milenar;
5-Julgamento Final e o que vier depois;

-Post tribulacionista - não tem uma quebra da vinda de Jesus e as coisas relaconadas a elas ocorrem após a sua segunda vida que será visível por todos

1-Tribulação
2-Segunda volta
3-reino milenar
4-Julgamento final e o que vier depois;

Pós-milenismo

Nesta corrente, os eventos são mais "compactos". O milênio ocorre pela expansão da pregação da palavra e convencimento das pessoas pelo Espirito Santo, antes mesmo da volta de Jesus, não havendo um arrebatamento ou período de tribulação. Assim, o evento da segunda volta é concomitante com o Julgamento final.

1-O mundo é o mundo com todas suas mazelas;
2-Os ensinamentos de Cristo prevalecem e inicia-se um período de prosperidade e supremacia do mesmo;
3-Jesus volta, julga todos e o que suceder disso.

Ou seja, a literalidade, ou preocupação com essa, dos acontecimentos é reduzida. tornando a sequencia de acontecimentos que de fato importam menor.


Amilenismo

Como muitos devem supor, o prefixo "a" implica na negação, sendo portanto uma corrente que nega o acontecimento literal de um milênio como período de reino de Cristo na Terra. O milênio já está ocorrendo espiritualmente e teve seu inicio no Pentecoste. Ou seja, quando a Igreja recebe o poder dos céus, se instaura o reino de Deus na Terra.

Sim! Nessa corrente os eventos apocalípticos já se instauraram a muito tempo.

Espera aí! Mas se o milênio esta acontecendo por que o prefixo "a"?

Porque foi termo amilenismo foi cunhado, por pessoas contrarias a tal corrente, os adeptos optam por usarem no termo o prefixo latino "nunc" que implica algo retroativo, que já aconteceu e cujos efeitos vigora. Não deve ser de maneira alguma confundido o nunc  com nunca, pois este ultimo é sinônimo do "a". Então, para facilitar e não confundir por ser chamado por "milenismo realizado";

1-O milênio espiritual já acontece a muito
2-Jesus volta,  julgamento final e o que suceder.

sábado, 3 de outubro de 2015

[Bônus] Fanerose, Teofania e  Cristofania


Esse  post é um "bônus",  para explicar um recurso que alguns religiosos utilizam.

Fanerose é um fenômeno no qual o invisível se torna visível, materializado ou não. Se você pensou na ideia de fantasmas, aparições, espíritos, demônios e coisas do gênero tornando-se visíveis acertou na mosca!

Teofania é a fanerose de deus, sim, simples assim! ^^

Mas, observe nesses fenômenos não são as pessoas que recebem um poder, dom ou habilidade sobrenatural de ver o invisível/sobrenatural, mas é o que não se vê, que ganha a capacidade de se mostrar.

Até aqui tudo bem?
Continuemos :D

Cristofania é o fenômeno de fanerose de Cristo, sendo portanto a aparição de Jesus antes ou depois de seu nascimento ou ressurreição. Pois entre isso, seria ele em vida XP

"Como é que é?"

Assim,ó: Paulo não conheceu Jesus (em vida), salvo-se na estrada de Damasco, quando Cristo após a ressurreição revelou-se a apareceu somente pra ele. Essa é uma cristofania extremamente clara.

Os problemas são quando se vê, ou se coloca cristofania no AT,como nos exemplos:

  1. O anjo que lutou com Jacó;
  2. O sacerdote Melquisedeque;
  3. O o anjo Miguel;
  4. Quem andava com Adão no paraíso;
  5. Quem apareceu para Daniel na fornalha;
Mas, qual o problema disso, a coerência e a implicações de por exemplo imaginar:

  1. Jesus lutando com alguém e deixando uma sequela no adversário;
  2. Aceitar que independente da religião quem recebe as oferendas, dízimos e coisas do gênero quando feito com boa intenção é  Jesus; Para quem não leu, da uma lida na "A última batalha" das Crônicas de Nárnia, C.S. Lewis explora esse principio...
  3. Jesus é deus ou anjo? Depois não falem mal de TJs...
  4. Essa é quase tranquila, se utilizar o poder divino....
  5. idem


Além de conseguir conceber isso, em nenhumas dessas aparições a figura se colocou ou se apresentou como "Jesus", "Cristo" ou "Jesus Cristo".




terça-feira, 8 de setembro de 2015

o dízimo é uma ordenança apenas do antigo testamento ou continua valendo para a igreja atual?

"O dízimo é uma ordenança apenas do antigo testamento ou continua valendo para a igreja atual?"

Eu gostaria de ser bem direto... mas, essa é uma pergunta que requer um passeio  pela história da e na bíblia... Sobretudo para não sair levando pedrada na rua ^^


Segundo as narrativas de Gênesis, Deus escolheu Abrão, posteriormente chamado de Abraão, com algumas promessas uma delas era de posse de uma vasta quantidade de terra, a qual posteriormente é referida como uma terra que manaria leite e mel (Ex 3:8), numa ideia clara que seria produtivamente farta. Em paralelo a essa promessa vemos a de multiplicação de seus descendentes, e essa parte o que importa é a linhagem salvífica (que importa para a história da salvação e da religião).

De Abraão, temos Isaac e deste Jacó, posteriormente chamado de Israel, como ele teve 12 filho e uma filha, e segundo os costumes e cultura da época só os homens tinham direito a herança, não são 13 tribos de Israel, mas sim 12. E estes são os filhos de Jacó são: Rubén, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser,  Issacar, Zebulom, José e Benjamin.(Gn 29:31, 30:1-22,35:16-20)

Continuando a história, vemos os eventos que aconteceram com com José, que se teve a sua tribo subdividida em 2 a de Manassés e Efraim (Gn 41:50-52), nome de seus filhos. Com os irmão o mesmo não aconteceu fato semelhante, seus descendentes eram contados como integrante da tribo que levava nome de um dos filhos de Jacó.

Avançando, temos um destaque para a tribo de Levi, primeiramente na figura de Moisés e seus parentes próximos. Com o Êxodo, temos a instituição de uma religião hebraica mais estruturada, onde foi designado aos levitas o serviço cúltico e cuidados com o tabernáculo e o templo, tendo no topo do sacerdócio Aarão e seus filhos, e um sistema hereditário de passagem do sacerdócio e da responsabilidade de cuidado com o Templo. (Ex 25 - 30)

O Tabernáculo era a casa de Deus na Terra, enquanto o Templo não havia sido construído, e uma vez construído o templo passou para os hebreus ser a casa de Deus na Terra. Observe, Deus só possuía 1 e somente 1 casa na Terra.

Avançando, em êxodo temos, que os hebreus chegaram a terra prometida, com 13 tribos de produção agropecuária, mas a terra foi dividida em apenas 12 partes/tribos. 1 tribo ficou de fora da divisão para receber terra para produzir seu sustento... Sabem qual foi ? A de Levi, a tribo que tinha função sacerdotal e religiosa.


"E como tal tribo iria sobreviver?" Simples, através dos dízimos.
E aqui cabe uma pequeno revisão do que era o dízimo. Dízimo era a devolução de 1/10 da produção agropecuária ao responsável pela mesma: Deus. Isso, porque é Deus quem manda a chuva, controla o clima e decide sobre a saúde dos animais e o quanto vão ser fecundos.

Perceberam que bati na questão agropecuária? Pois bem, por mais que os hebreus se utilizassem de moeda, vendendo sua produção, nos textos do AT o mesmo só relaciona o dízimo com a produção e não com o que foi convertido em moeda!

Dando um salto para o NT, na cena que Jesus critica o comercio no templo, o comercio ali não era para compra de animais para se dizimar, mas para ofertar e sacrificar, que são coisas diferentes do dízimo, tendo haver com o agradecimento por uma conquista ou preço a ser pago por um pecado cometido ou adquirido, num ritual de purificação.

E sim! Eu falei "adquirir" pecado! Por exemplo, qualquer mulher que parisse ou menstruasse, que são coisas naturais, tornavam-se impuras e como tais tinham que fazer oferta pela pureza...

Mas, voltando ao que importa, quais os elementos envolvendo o dízimo:
-Levar eles para a casa de Deus.
-Deus só tinha 1 lugar de recepção dos dízimo e ofertas; e tal lugar era o Templo que ficava em Jerusalém.
-Ser elementos de sua produção (agropecuário).
-Quem vai utilizar são descendentes da tribo de Levi.
-Levitas não tem como produzir, pois não tinham por terem sidos privados por Deus dos meios para a produção (terra).


E na Igreja atual?

Já começamos, que desde a origem da igreja vemos a briga de se os costumes judaicos se aplicam aos gentios (não judeus). Sobretudo em nível apostólico (Pedro/judaizante x Paulo/contra-judaização). No final Paulo, conforme orientação/revelação de Deus a Pedro, mostrou-se estar certo e a regra era da não judaização dos cristãos.

As ofertas continuaram, mas tinham agora não função de limpeza dos pecados vez que Jesus PAGOU POR TODOS OS PECADOS dos que seriam salvos, portanto não há mais sacrificios a serem feitos! Se sobrou saldo de pecado algum para alguém achar que pode sacrificar algo para conseguir qualquer coisa de Deus, eu sinceramente recomendo a revisão de conceitos, seja do Cristianismo, da pessoa ou quem sabe seja o meu porque estou lendo e vendo coisa onde não tem... Como por exemplo que o sacrifício de Jesus tem poder e eficácia suficiente para naquele único ato pagar e apagar da mente de Deus quaisquer pecados dos seus e que apesar de tal condição, não é abertura para libertinagem!  (Hb10)


Bem... continuemos...


A igreja atual é composta por quem? Judeus? Não!
Tem um templo ou tabernáculo único para recebimento de dízimos? Não! E nem tente vir me empurrar a cópia da IURD ...
Tem hebreus levitas para receberem ? Não! Alias, creio que nem os judeus/israelitas atuais sabem quem é de qual tribo...
Os sacerdotes (clérigos - divinamente ordenados) são restritos de possuírem meios para produção de seu sustento? Em sua grande maioria não! Os que tem voto de pobreza, esses sim tem restrições no que manter.


"Oba! Então eu não tenho que ajudar a igreja que frequento? sobretudo financeiramente?"


Eu não disse isso! 
Até então, o que eu respondi foi que o dízimo do AT, no modelo como está na Bíblia não é aplicável dentro do Cristianismo e na Igreja atual.

Porém, exite algo que chamam de mordomia cristã, que é cuidar do que Deus deixou em sua responsabilidade. Por exemplo, a manutenção e o funcionamento do SEU lugar de reunião é de SUA responsabilidade!

Perceba que falei de manutenção: trocar uma lâmpada, varrer chão, pintar paredes, pagar as contas de água, luz; e até mesmo a limpeza do banheiro fazem parte da manutenção. Se tu não queres ou não podes fazer, ajude contribuindo doando os materiais que contribuam para manutenção ou o dinheiro para que as manutenções ocorram!

Obviamente quem foi colocado na posição administrativa desses recursos e curatela dos bens da comunidade, DEVE apresentar e prestar contas a comunidade.

E mais! Responder de consciência tranquila, limpa e sempre com a verdade quando questionado pelos membros de quanto entra, saí e para onde vai o dinheiro! E até mesmo do porque das escolhas daqueles lugares de investimentos/gastos!


Agora na minha opinião é inaceitável ter e/ou ver um irmão da comunidade com dificuldades financeiras tendo que desembolsar dinheiro do sustento de sua família, em favor do conforto e luxo de um "líder" (e da família deste)... 

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Qual o conceito de teologia liberal (ou liberalismo teológico) ?

O conceito de liberalismo teológico perpassa pelo entendimento do que vem primeiro ser liberalismo.

Liberalismo é um movimento que em suma visa promover liberdade e igualdade. E liberdade aqui não num sentido de liberalidade, ou seja, fazer as coisas inconsequentemente, mas ser livre para fazer as próprias escolhas racionalmente.


Neste sentido o liberalismo teológico tem haver com a liberdade do individuo no que tocam a religião e a igualdade entre os direitos dos que professam alguma fé e dos que também não professam nenhuma fé.


Como surgiu?

Como dito inicialmente, o liberalismo teológico está associado ao liberalismo, que por sua vez deriva do Racionalismo (filosofia), do movimento movimento Iluminista (ou de  Ilustração) e do Deísmo. Tendo o corpo de idéias vindo a se estabelecer por volta do século XVIII.

Tendo por influência o pensamento (escritos) de vários filósofos como:
[Immanuel] Kant (1724-1804), [Friedrich Daniel Ernst] Schleiermacher (1768-1834), [Ferdinand Christian] Baur (1792-1860), [David Friedrich] Strauss (1808- 1874), [Albrecht] Ritschl (1822- 1889), [Adolf von] Harnack (1851-1930).


Quais os seus principais pontos?

Agora, vamos recapitular, para entender melhor os pontos.

Do Racionalismo temos os princípios de liberdade e dignidade e investigação cientifica, na teologia implicando na liberdade de crença e culto, e por isso a promoção da dignidade daqueles que crêem diferente, não os marginalizando; e a busca pela racionalização da fé.

Do Deísmo temos o postulado da existência de uma religião natural, sendo está o conjunto de verdades e leis divinas que transpassam todas as religiões. O cristianimo seria apenas uma dentre as revelações individuais. Dessa corrente temos ainda que a compreensão da vontade e revelação divina se dá individualmente, deus se comunicando diretamente com o individuo sem intermediários (pastor, profeta ou quaisquer outras figuras).


Do Iluminismo temos não só uma reafirmação da razão no entendimento religioso, mas o postulado da liberdade de interpretação da bíblia segundo o entendimento e compreensão do individuo.

Podemos sintetizar os pontos do Liberalismo nos seguintes:

a)O Cristianismo é uma revelação de deus, mas não a única revelação, pois Deus estabeleceu princípios morais e éticos em todas religiões e os ensina a todos seres humanos;


b)Todos os que crêem em deus devem ser respeitados e não ter seus direitos cerceados pela forma de manifestação das crenças;

c)Todos devem ser livres para professar e manifestar suas crenças religiosas;

d)Todos são livres para ler a bíblia e racionalmente interpretá-la.

É importante frisar que quando falo de interpretação racional, quero dizer que tal corrente busca desmitificar a religião e a bíblia.

“Desmitificar ? Como é isso?”

Alguns cresceram ouvindo, assistindo ou lendo contos baseados nas fábulas de Esopo, as quais no final sempre tinham a “moral da história”. Tais contos às vezes eram permeados de coisas fantásticas, sobrenaturais e/ou exageradas. Pois bem, uma narrativa que é permeada por esses elementos é chamada de "narrativa mítica" ou no popular, de "MITO".

E esse é nesse sentido de compreender a “moral da história” das narrativas bíblicas, que está a desmitificação. As narrativas bíblicas são para a teologia liberal (cristã) o ápice da revelação de deus para os homens, na medida que sintetizam, como um manual ético,  como o individuo deve se portar perante o mundo. Além de que postula que compreender-se o texto o mesmo deve ser lido em seu contexto histórico-cultural e o principio do ensinamento atualizado. É interessante ressaltar que ainda que seja o ápice, não invalida ou reduz  o valor de quaisquer outras revelações.

Quanto a salvação, esta se dá num estilo “homem-aranha” de ser: “grande conhecimento implica em grande responsabilidade”.  Deus se revela individualmente e promove salva a medida do conhecimento e de sua revelação ao indivíduo, por isso as outras revelações não seriam inválidas.

E Jesus, na figura do Cristo salvador e não do homem, é visto como o instrumento pedagógico de deus, revelando aos que seguem seus ensinamentos um dos modelos que reuni leis (naturais) de deus a ser em seguidas.